O órgão comunicou a intenção através de um ofício, assinado pelo presidente Haroldo José Dantas da Silva, enviado à diretoria executiva do clube nesta quinta-feira. No documento, o qual a Gazeta Esportiva teve o, o Conselho Fiscal afirma que decidiu, por unanimidade, que "irá reanalisar e deliberar sobre o Balanço Geral e Demonstração da Conta de Receita e Despesa dos exercícios de 2023 e 2024".
Há, entretanto, algumas condições. Haroldo pondera que irá prosseguir com a reabertura das contas desde que "tenha os Demonstrativos dos Resultados destes exercícios no mesmo padrão que até então vem sendo utilizado, bem como os documentos que comprovem a reclassificação das despesas entre um exercício e outro, e que este mesmo material seja enviado ao Conselho de Orientação (Cori) e ao Conselho Deliberativo".
Augusto Melo e seus pares alegam ter herdado uma dívida de R$ 191 milhões não contabilizada pela gestão de Duilio Monteiro Alves e, por esse motivo, pedem a reabertura das contas de 2023. Na visão da diretoria atual, sem este valor, o clube deixaria de apresentar um déficit de R$ 181,7 milhões em 2024 para ter um superávit de R$ 9,5 milhões.
O Conselho Deliberativo chegou a rejeitar o primeiro pedido para reabrir as contas, dizendo que não recebeu os documentos necessários. Agora, se o Conselho Fiscal comprovar que o Balanço referente à gestão Duilio impactou diretamente para a dívida apresentada no ano ado, o Cori reavaliará o caso e, posteriormente, o CD votará para reabrir ou não as contas.
O QUE DIZ A ANTIGA GESTÃO
A antiga diretoria do Corinthians se manifestou através de Wesley Melo, diretor financeiro do clube na gestão Duilio, em nota enviada à Gazeta Esportiva. O ex-dirigente do Timão afirmou que não foi notificado pelo Conselho Fiscal sobre o assunto e entende que Augusto Melo quer "desviar a atenção".
"Não temos qualquer informação oficial e tomamos conhecimento dessa disposição do Conselho Fiscal pela imprensa. Entendemos que a atual diretoria tem dificuldade de explicar seus números de 2024 e procura narrativas para desviar a atenção. Talvez tenham descoberto agora, com as contas reprovadas, que as normas contábeis são claras e exigem atenção rigorosa. Aprovamos contas em todos os órgãos por três anos consecutivos usando esse rigor, sendo que as contas de 2023 foram fechadas e apresentadas pela atual gestão por isso não há mais o que dizer sobre os nossos balanços", disse Wesley.
O QUE DIZ O CONSELHO DELIBERATIVO
O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, também enviou um comunicado à reportagem e disse não concordar com a reabertura das contas de 2023 e 2024.
"O único órgão que julga contas da Diretoria é o Conselho Deliberativo. E a respeito das contas de 2024, esclareço que as mesmas foram julgadas e reprovadas, tendo sido consignado que o julgamento de reprovação se deu com base no parecer do Cori que recomendou a reprovação por gestão temerária", afirmou.
"A Presidência do Conselho já informou ao Presidente da Diretoria que vai encaminhar ofício ao CRC (Conselho Regional de Contabilidade) para que apure a atuação dos profissionais da contabilidade que atuam no clube e para o clube, bem como as empresas de Auditoria e Contabilidade, estando apenas no aguardo de resposta da Diretoria sobre as informações requisitadas há mais de uma semana", acrescentou.
Questionado se há possibilidade de votar novamente as contas, Tuma negou. "Não há essa hipótese nesse momento. Já foram julgadas e publicadas. Como já esclareci em entrevista coletiva, qualquer especulação agora, só trará mais prejuízos à imagem do Corinthians e ao patrimônio da Instituição", concluiu.
O QUE DIZ O CORI
Em nota, o Conselho de Orientação (Cori) também informou que ainda não recebeu nenhuma notificação sobre uma possível reanálise das contas.
"O Cori - Conselho de Orientação e Fiscalização do Sport Club Corinthians Paulista informa que até o presente momento não recebeu quaisquer informações sobre a eventual reanálise das Demonstrações Financeiras relativas ao exercício de 2024. Outrossim como mencionado pelo CF quaisquer trabalhos nesse sentido são extensos e complexos tendo em vista os diversos pontos que ainda devem ser esclarecidos, comprovados e iveis de avaliação técnica rigorosa, tendo em vista as normas contábeis envolvidas", comunicou.
A reportagem da Gazeta Esportiva também procurou o clube, que decidiu não se manifestar. Caso a diretoria se pronuncie, o texto será atualizado.
O Balanço Financeiro do último ano, o primeiro da gestão Augusto, foi reprovado pelo Conselho Deliberativo no último dia 28 de abril. Dias depois, a Comissão de Justiça enviou ao presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, um requerimento solicitando o afastamento imediato do mandatário da presidência do Corinthians, alegando "gestão temerária".
O documento chamava a atenção para os pareceres do Conselho Fiscal e do Conselho de Orientação do clube, que recomendaram a rejeição das contas do ano ado, aponta descumprimentos estatutários e, principalmente, as infrações a artigos da Lei Geral do Esporte e do Profut. A decisão de afastar ou não o presidente cabe a Romeu Tuma Júnior.
Além deste último pedido de destituição, Augusto Melo enfrenta outras três solicitações de impeachment no Corinthians. A mais avançada delas diz respeito ao escândalo da VaideBet.
A votação, suspensa no último dia 20 de janeiro, será retomada na próxima segunda-feira, a partir das 18h (de Brasília), no Parque São Jorge, e irá definir o futuro do mandatário à frente do clube.